CONSUMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS EM BELO HORIZONTE, BRASIL - Red Científica Iberoamericana (RedCIbe)

Red Científica Iberoamericana

CONSUMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS EM BELO HORIZONTE, BRASIL

Nancy Rebouças Julião1 y Simone Magela Moreira2
1Master en Sustentabilidad y Tecnología Ambiental, Coordenação de Vigilância em Saúde Ambiental, Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Belo Horizonte, Brasil
2Médica Veterinaria, Docente, Instituto Federal Mina Gerais, Bambuí, Brasil

Belo Horizonte, Brasil (SIIC)

Estudo transversal de base populacional realizado com adultos na capital mineira, Belo Horizonte, entre 2010 e 2019, a partir de dados obtidos em inquéritos telefônicos (datos obtenidos de encuestas telefónicas) realizados pelo Ministério da Saúde. O estudo sugere que são imprescindíveis políticas públicas que beneficiem o consumo adequado desses alimentos, particularmente na população mais pobre, com menos de oito anos (con menos de 8 años) de escolaridade, entre os jovens de 18 a 24 anos e para o sexo masculino.

Introdução

A nutrição é requisito básico para o desenvolvimento (para el desarrollo). Os padrões alimentares (patrones alimentarios) desempenham um papel fundamental na promoção da saúde e um número crescente de estudos demonstra a importância de fatores individuais e socioeconômico afetando as escolhas alimentares e de certo modo (lo que afecta la elección de alimentos y, hasta cierto punto), caracterizando a área geográfica em que tais indivíduos residem.1 A segurança alimentar e nutricional, conceito relacionado ao direito humano, abrange (concepto relacionado con los derechos humanos, cubre), tanto aspectos do acesso aos alimentos, em quantidade e regularidade suficientes para a manutenção da saúde, quanto a garantia da qualidade (en cuanto a garantía de calidad) biológica e sanitária desses.2

É sabido que muitos alimentos atuam na manutenção e promoção da (actúan para mantener y promover la) saúde, cujo consumo deve estar em acordo com as necessidades de cada fase da vida, devendo ser acessível do ponto de vista físico e financeiro, em quantidade e qualidade referenciadas pela cultura alimentar à que o indivíduo pertença (por la cultura alimentaria a la que pertenece el individuo).3 Contudo, aproximadamente 3 milhões de mortes ocorrem (Sin embargo, se producen aproximadamente 3 millones de muertes) anualmente, associadas à baixa ingestão de frutas e hortaliças (FH), para a qual é recomendada, o mínimo de cinco porções por pessoa, diariamente.4 Dados individuais e ecológicos, em diferentes partes do planeta demonstram que uma parcela representativa dos óbitos decorre das doenças (de las muertes se deben a enfermedades) crônicas não transmissíveis (DCNT), representadas principalmente pelas doenças (por enfermedades) respiratórias crônicas, cardiovasculares, alguns tipos de câncer e diabetes.5 E a inadequação no consumo de FH contribui para essa carga global de doenças devido não somente à baixa quantidade, mas também pelo reduzido (debido no solo a la escasa cantidad, sino también al reducido) repertório que resulta na pouca ingestão de nutrientes essenciais ingeridos, em grande parte dos países.6

Apesar das dificuldades de precisão acerca do consumo de FH pelas populações, tais pesquisas são fundamentais para a implementação de políticas nutricionais no âmbito da saúde pública. No Brasil, alguns dados nacionais e domiciliares podem estar disponíveis, referentes à produção de alimentos –ajustada de acordo com a importação, exportação, nível de estoque nacional, desperdício e usos não dietéticos (de existencias nacionales, residuos y usos no dietéticos)–,7 bem como informações sobre a aquisição desses, para consumo familiar, obtido por meio da Pesquisa de Orçamento Familiar (obtenido a través de la Encuesta de Presupuesto Familiar).8 Em qualquer localidade, esses dados, quando coletados regularmente (estos datos, cuando se recopilan periódicamente), permitem o estudo de tendências, a identificação de grupos populacionais vulneráveis e o monitoramento dos fatores de risco (y monitorear los factores de riesgo), como importante estratégia na aquisição de informações sobre a segurança alimentar e nutricional das populações.9,10

Nesse sentido, o Behavioral Risk Factor Surveillance System inaugurou no início da (comenzó a principios de la) década de 1980, a vigilância por inquérito telefônico,11 cuja metodologia vem sendo adotada em diferentes países. Por aqui, o programa de Vigilância dos Fatores de Risco e de Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), monitora tais fatores, desde 2003, em todas as capitais de estado e no distrito federal. Realiza anualmente, cerca de 54 000 entrevistas em adultos, por meio de uma amostra aleatória das (mediante una muestra aleatoria de) linhas de telefone fixo e aplica um questionário que aborda o padrão de alimentação, objeto da presente pesquisa, dentre outras características de saúde, demográficas e socioeconômicas.9

Condições de saúde analisadas territorialmente evidenciam as desigualdades, principalmente quando nos países em desenvolvimento (en los países en desarrollo). A concepção do espaço em suas dimensões –ecológica, natural, administrativa e social– apoia a promoção das (apoya la promoción de) políticas de saúde e necessita estar atualizada conforme as transformações ocorridas na população local.12 De acordo com o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da COVID-19 no Brasil, uma em cada 11 pessoas experimentou a fome, ou insegurança alimentar grave, nos três meses anteriores à coleta de dados (ha experimentado hambre o inseguridad alimentaria grave en los tres meses anteriores a la recopilación de datos), em dezembro de 2020. Os resultados do inquérito mostram que cerca de 55.2% dos brasileiros, ou 116.8 milhões de pessoas, se encontram em situação de insegurança alimentar,13 tendo dificuldade no acesso aos alimentos, em quantidade e/ou qualidade nutricional dos mesmos.
Identificar os fatores de risco para a pouca qualidade da dieta nas populações é complexa. Existem muitas causas para os padrões menos saudáveis de alimentação ??e para as dietas nutricionalmente inadequadas, particularmente entre aqueles que vivem na pobreza. A influência do status socioeconômico –medido por meio de indicadores como nível educacional e renda– provou desempenhar (nivel educativo y los ingresos– ha demostrado) um papel importante na determinação dos padrões de escolha alimentar dos indivíduos.14 Do mesmo modo, em um grande centro urbano, o risco de deficiência nutricional varia muito entre as subpopulações e alguns aspectos são frequentemente exacerbados já que a falta (a menudo se ven exacerbados por la falta) de recursos financeiros aumenta as desigualdades em saúde.1
Apesar do aumento de estudos sobre a relação entre fatores socioeconômicos e alimentação saudável, poucos foram realizados na capital mineira. Diante desse cenário (ante este escenario), o presente estudo pretende analisar o consumo de FH em Belo Horizonte, contribuindo para melhorias nas formulações das políticas locais. Pretende-se ainda verificar a associação entre o consumo recomendado desses alimentos e alguns parâmetros socioeconômicos, permitindo discutir possíveis estratégias para aumentar o percentual da população que se mantém nutricionalmente saudável, à luz das razões diagnosticadas pela (a la luz de los motivos diagnosticados por la) Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que embarga o consumo das (que prohíbe el consumo de) FH como alimentos essenciais para a humanidade.


Métodos

Para o inquérito populacional foram utilizados dados do Vigitel apenas da cidade de Belo Horizonte, entre os anos de 2010 a 2019, referentes ao consumo recomendado de FH. Esses dados, para todas as capitais brasileiras e distrito federal, são públicos e estão disponíveis no site do Ministério da Saúde do Brasil (http://svs.aids.gov.br/download/Vigitel/).

No Vigitel, a frequência de fatores de risco na população adulta é considerada a partir de uma amostra mínima de 2 mil indivíduos adultos, por cidade em cinco mil linhas telefônicas sorteadas de forma sistemática, estratificadas por código de endereçamento postal e cadastro eletrônico (dirección postal y registro electrónico) de linhas residenciais fixas em empresas de telefonia. Empresas e as linhas em que não há resposta após seis tentativas (después de seis intentos) de contato, em dias e horários alternados, são desconsideradas. As porções dos alimentos consumidos pelos entrevistados são mensuradas por estratégias metodológicas específicas.9
A pesquisa buscou elucidar a associação entre o recebimento do (dilucidar la asociación entre recibir) auxílio financeiro “bolsa família”, gênero, faixa etária e escolaridade com o consumo recomendado de FH entre os moradores da capital mineira, avaliando-a por meio do teste de (evaluándolo por médio de) Qui Quadrado, no software STATA versão 12.0, considerando-se uma significância de 5%.
A razão de incidência das (La tasa de incidencia de) variáveis socioeconômicas na proporção de belo-horizontinos que relataram consumir o recomendado desses alimentos foi analisada utilizando a regressão de Poisson, em software STATA, versão 12.0, com intervalo de confiança de 95% para verificar o incident rate ratio (IRR). Essa análise considerou o peso rake, no período de 2010 a 2019, para as variáveis, nas seguintes categorias: (i) sexo (masculino e feminino), (ii) faixa etária (18-24, 25-34, 35-44, 45-54, 55-64 e = 65 anos), (iii) escolaridade (0-8, 9-11 e = 12 anos de estudo) e (iv) bolsa família (recebe, não recebe e ignorado), sendo essa última, somente disponibilizada a partir de 2016, exigindo exame isolado (que requiere un examen aislado).

Resultados

De 2010 a 2019, foram entrevistadas 19 454 pessoas em Belo Horizonte. Quanto ao consumo de FH, os resultados demonstram que, em média, 29.76% da população belo-horizontina consumiu o volume recomendado (Tabela 1), o que significa que a cada 100 habitantes da capital mineira, em média 29 pessoas ingeriram o equivalente a 400 gramas de FH, ou 5 porções desses alimentos por dia.
Em Belo Horizonte, a análise dos dados corroborou a tendência (el análisis de los datos corroboró la tendencia) de um consumo, em média, 11% maior por parte das mulheres quando comparado ao dos homens, entretanto, esse valor pode variar bastante ao se considerar grupos de faixa etária. Na Tabela 1, observa-se que o consumo recomendado, de pelo menos cinco porções de FH, por gênero, pode variar desde 1.26% na faixa etária de 18 a 24 anos até 17.82% na faixa etária de 55 a 64 anos, considerando o período analisado, de 2010 a 2019.






Os resultados da análise multivariada com todos os fatores (Tabela 2) também demonstram que em Belo Horizonte há maior prevalência do consumo (hay mayor prevalencia de consumo) recomendado de FH no gênero feminino, e observa-se que as mulheres têm 1.43 mais chance de apresentar o consumo recomendado de FH em relação aos homens.






Em relação a faixa etária, destaca-se que entre 55 e 64 anos, há 1.47 vezes mais chance de se identificar o consumo de 5 porções de FH por dia em relação a faixa etária de referência, entre 18 e 24 anos. Considerando-se a faixa de escolaridade, observa-se que pessoas com 12 ou mais anos de escolaridade tem 1.75 vezes mais possibilidade apresentar um consumo recomendado em relação às pessoas com menos de 8 anos de escolaridade.
Ao se analisar o consumo recomendado de FH ao longo dos anos (Al analizar el consumo recomendado de FH a lo largo de los años), há nos resultados um discreto aumento na razão de prevalência a partir de 2014 até 2019, representando um aumento, em média de 1.15, no risco de se observar esse consumo que no ano de referência 2010, exceto para o ano de 2018 (en el año de referencia 2010, excepto para el año 2018) que não apresentou IRR estatisticamente significativo.
Esse trabalho também analisou o percentual ponderado de entrevistados pelo Vigitel com consumo recomendado de FH em relação à variável socioeconômica, o recebimento ou não do auxílio financeiro “bolsa família”, de 2016 a 2019. No primeiro ano de registro, 2016, o percentual ponderado (el porcentaje ponderado) de entrevistados com consumo recomendado de FH foi de 21.4% entre quem recebe contrastando com os (entre los que reciben, en comparación con el) 31.7% entre quem não recebe o auxílio financeiro. Já no ano de 2019 (En el año 2019), o consumo recomendado foi de 30.7 entre quem recebe e de 31.1 entre quem não recebe o “bolsa família”.

Por meio da regressão de Poisson (p > 0.05), não se detectou diferença significativa entre os valores encontrados a cada ano, tanto na categoria que recebe quanto naquela que não recebe o auxílio financeiro (tanto en la categoría que recibe como en la que no recibe ayuda económica). Entretanto, em cada ano o percentual ponderado de entrevistados com o consumo recomendado de FH que não recebem “bolsa família” foi maior do que o daqueles que recebem. Além disso, os entrevistados (Además, los entrevistados) que não recebem o auxílio “bolsa família” tem 1.46 vezes maior razão de prevalência (IRR) ou chance de consumir o recomendado de FH do que quem recebe, considerando o intervalo de confiança de 95% entre 1.034 e 2.06, com p = 0.031.



Discussão

O percentual de 29.76% observado para o consumo recomendado de FH pelos adultos entrevistados pelo Vigitel na capital mineira, entre 2010 e 2019 (Tabela 1) esteve acima da média nacional observada no mesmo período (estuvo por encima del promedio nacional observado en el mismo período),9 destacando-se que no Brasil, o consumo de hortaliças ainda é considerado insuficiente (todavía se considera insuficiente), principalmente entre os indivíduos que consomem mais alimentos ultrarocessados.15

Observa-se a partir de 2012 um aumento significativo dos percentuais de consumo recomendado de FH e isso, possivelmente, se deve ao incremento (se debe al aumento) de políticas públicas direcionadas para educação alimentar e nutricional, como a implantação do (como la implementación del) Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Brasil em 2011.5

O ano de 2014 destacou-se como o período de maior freqüência nesse consumo, e esses dados podem ser relacionados com a publicação, no ano anterior, da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, que estabeleceu as competências e responsabilidades das Secretarias Municipais de Saúde no cumprimento dessa política (de conformidad con esta política).3 Já a redução demonstrada em 2018 (La reducción demostrada en 2018) pode estar relacionada à inflação, à retração da renda e ao aumento dos preços dos alimentos (la caída de los ingresos y el aumento de los precios de los alimentos), observados no período.16 Isso porque, na situação em que o consumidor tem de excluir alguns itens da sua (en la que el consumidor tiene que excluir algunos artículos de su) dieta, as FH são frequentemente retirados. O custo elevado das FH é considerado a principal barreira para o consumo, mesmo entre indivíduos com maior regularidade (incluso entre individuos con mayor regularidad).17 Além disso, muitos outros motivos contribuem para a inconformidade alimentar e nutricional. Mundialmente, o desenvolvimento de tecnologias que aumentam a durabilidade, favorece o consumo dos (el desarrollo de tecnologías que aumentan la durabilidad, favorece el consumo de) alimentos industrializados,18 reduzindo o consumo dos gêneros in natura, como as FH.19

Ao se analisar o consumo recomendado de FH ao longo dos anos, há nos resultados um aumento (hay un aumento en los resultados), em média de 1.15, no risco de se observar esse consumo que no ano de referência 2010, exceto para o ano de 2018 que não apresentou IRR estatisticamente significativo. Já em 2018, o possível retrocesso se deva ao impacto na inflação nesse (el posible retroceso se debe al impacto sobre la inflación en este) ano de 3.75, impulsionada principalmente pelo preço de alimentos, a saber, FH como o tomate que registraram a maior alta nos preços (registró el mayor aumento de precios), com aumento de 14.1% e 71.76%, respectivamente.16

Esse trabalho permitiu verificar que os fatores sociodemográficos e econômicos, a saber, gênero, faixa etária e faixa de escolaridade, analisados no período entre 2010 e 2019, além do recebimento de auxílio financeiro “bolsa família” no período disponível a partir de 2016 a 2019, têm importante influência sobre o consumo recomendado de FH pelos belo-horizontinos.
O gênero do consumidor é uma característica que frequentemente influencia a alimentação. Estudos nacionais e estrangeiros demonstram um maior consumo de FH por indivíduos do gênero feminino.5,6,20-22 Uma alimentação melhor, por parte das mulheres, pode estar relacionada à preocupação com a estética e com a saúde (preocupación por la estética y la salud), vista também em outras localidades.6,20 Não trabalhar fora e permanecer mais tempo em casa também são considerados (También se consideran no trabajar fuera de casa y permanecer más tiempo en casa),23 podendo explicar esta maior variação do percentual, nas faixas etárias economicamente ativas, de 35 a 55 anos. Na Tabela 2, a análise multivariada demonstrou maior prevalência do consumo recomendado de FH no gênero feminino, sendo que as mulheres têm 1.43 mais chance de apresentar esse consumo que os homens, conforme discutido anteriormente (como se discutió anteriormente).

Na pesquisa, os resultados ressaltam a baixa prevalência do hábito alimentar adequado entre os mais jovens, demonstrando perfis de “repulsão” destes alimentos (perfiles de “repulsión” de estos alimentos) entre os adultos de 18 a 24 anos, e com a menor variação por gênero, apenas 1.26%. Esse baixo consumo é demonstrado em alguns estudos6 e pode estar associado à cultura e hábitos alimentares dessa faixa etária.19 Esse achado pode ser conseqüência da influência dos colegas (Este hallazgo puede ser consecuencia de la influencia de compañeros) e amigos no comportamento dos adolescentes com aumento da independência dos familiares e na formação de tribos (y la formación de tribus),24,25 com determinados hábitos em comum, inclusive alimentares, com a generalização do consumo de alimentos ultraprocessados, como salgadinhos “tipo chips”, lanches “fast food” e refrigerante, em detrimento ao gênero (snacks “tipo papas fritas”, aperitivos “fast food” y refrescos, en detrimento del género) “in natura” como as FH, que são inclusive mais caras.15,19

Em contrapartida, o adequado consumo entre os idosos merece destaque, já que este é um achado pouco frequente (entre las personas mayores merece destacarse, ya que es un hallazgo poco frecuente), mesmo entre moradores de países desenvolvidos.26 Na capital mineira, o maior percentual de adultos que consumiu o volume recomendado de FH, entre 2010 e 2019, foi encontrado na faixa etária de 55 a 64 anos. A maior prevalência de DCNT e a procura por boa disposição física e mental pode estimular o (y la búsqueda de una buena disposición física y mental puede estimular la) comportamento alimentar nessa faixa etária, visando administrar a maior propensão a tais doenças (con el objetivo de gestionar la mayor propensión a este tipo de enfermedades).27 Isso é importante, pois a ingestão combinada desses alimentos é essencial para a manutenção da saúde e está associada à menor (mantenimiento de la salud y se asocia con menor) incidência de DCNT, como alguns tipos de câncer e doenças do coração, segundo diversos estudos.3

A faixa etária também está associada com esse consumo recomendado de FH, sendo essa associação também encontrada em outros estudos nacionais5,21 e em pesquisas internacionais.6,28 Nesse caso, há uma tendência crescente na chance de se encontrar (En este caso, hay una tendencia creciente en la posibilidad de encontrar) entrevistados que relataram consumir 5 ou mais porções de FH diariamente com aumento da faixa etária. Deste modo as categorias 55-64 anos e 65 ou mais apresentam uma chance maior de consumir o recomendado 1,47 e 1,46 respectivamente que a categoria de referência “18-24 anos” (Tabela 2). Já o resultado do IRR da categoria “25-34 anos” não foi estatisticamente significativo, ou seja, não se pode inferir que nessa faixa etária (es decir, no se puede inferir que en este grupo de edad) se encontre uma maior chance do consumo recomendado de FH.
Pessoas com mais anos de escolaridade tem 1.75 vezes mais possibilidade de apresentar um consumo recomendado em relação às pessoas com menos de 8 anos de escolaridade (Tabela 2). Nesse sentido, mais anos de estudo pode ser um fator relevante no consumo desses alimentos, pois se relaciona ao acesso a melhores empregos, com conseqüente melhora de renda e conhecimento nutricional (ya que está relacionado con el acceso a mejores empleos, con la consiguiente mejora de los ingresos y del conocimiento nutricional).21
Destaca-se nesse trabalho uma possível relação direta entre anos de escolaridade e diferenças socioeconômicas, tendo visto que a pesquisa Vigitel não avalia dados sobre renda familiar e o consumo recomendado (no evalúa datos sobre ingresos familiares y consumo recomendado) desses alimentos. Isso é relevante e conforme descrito no texto do (Esto es relevante y, como se describe en el texto del) Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, quanto melhor a condição socioeconômica mais anos de estudo.16

Em relação ao recebimento de “bolsa família” pela população em situação de pobreza, ou extrema pobreza, pode-se inferir que tal auxílio financeiro não é suficiente para manter um bom padrão nutricional (mantener un buen nivel nutricional), sendo possivelmente direcionado para outros insumos básicos e alimentos ultraprocessados, tendo visto o custo elevado (habiendo visto el alto costo) de FH.29 Analisando o período, houve um aumento da representatividade de quem recebe bolsa família em relação ao total (hubo un aumento en la representación de quienes reciben subsidios familiares en relación con el total) de entrevistados com o consumo recomendado de FH que foi em média de 31%, sugerindo que tal auxílio financeiro possa ter contribuído na melhora da qualidade da alimentação desse grupo no período avaliado, passando de 21.4% de beneficiados com o consumo recomendado de FH, em 2016, para 30.7% em 2019. Dentre os indivíduos adultos que não recebem tal auxílio a representatividade não sofreu alteração, entretanto permanece ainda insuficiente esse consumo (no ha cambiado; sin embargo este consumo sigue siendo insuficiente), como no restante do Brasil..15 Os resultados estatísticos evidenciam a necessidade de se combinar o auxílio financeiro com outros tipos de intervenções, como ações de promoção à saúde e nutrição saudável (como acciones para promover la salud y la nutrición saludable).29


Conclusão

São imprescindíveis políticas públicas que beneficiem o consumo adequado de FH, particularmente na população mais pobre, com menos de oito anos de escolaridade, entre os jovens de 18 a 24 anos e para o sexo masculino.

Possíveis limitações nesse estudo devem ser consideradas, como a amostragem por sorteio de residências (como el muestreo aleatorio de hogares) com telefone fixo, a inferência de pesos (la inferencia de pesos) para aproximar da composição populacional total belo-horizontina e as respostas auto relatadas, que permitem uma amplitude de percepção.



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