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QUANTO MAIOR O TAMANHO DOS ADIPÓCITOS, MAIS PROVÁVEL A SUA MORTE POR ROTURA
(especial para SIIC © Derechos reservados)
Autor:
Isabel Azevedo
Columnista Experto de SIIC

Institución:
Serviço de Bioquímica, Faculdade de Medicina, Universidade do Porto

Artículos publicados por Isabel Azevedo 
Coautor Isabel Azevedo* 
Serviço de Bioquímica, Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, Porto, Portugal*


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Aprobación: 28 de septiembre, 2006
Conclusión breve
O tamanho excessivo dos adipócitos facilita a sua rotura. Esta rotura, previsivelmente mais frequente nos adipócitos intra-abdominais, sujeitos a apreciáveis variações de pressão, está na base da chamada de macrófagos e outras manifestações de inflamação. A prevenção da hipertrofia dos adipócitos deverá acompanhar-se duma redução significativa da morbilidade associada à obesidade.

Resumen



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Especialidades
Principal: BioquímicaEndocrinología y Metabolismo
Relacionadas: Anatomía PatológicaInformática BiomédicaMedicina InternaNutrición

Enviar correspondencia a:
I Azevedo, Department of Biochemistry, Faculty of Medicine, 4200-319, Portugal



QUANTO MAIOR O TAMANHO DOS ADIPÓCITOS, MAIS PROVÁVEL A SUA MORTE POR ROTURA

(especial para SIIC © Derechos reservados)
Artículo completo
A obesidade, situação que actualmente tanto perturba a saúde e qualidade de vida dum número crescente de pessoas, desde idades cada vez mais jovens, continua a mostrar grande resistência às medidas com que se tenta preveni-la e combatê-la. Por essa razão são importantes todos os contributos que permitam compreender melhor os mecanismos subjacentes à obesidade e às suas várias complicações, entre as quais se incluem o síndrome metabólico, com a resistência à insulina, estado pró-inflamatório, dislipidemia e hipertensão arterial, e consequentes complicações cardiovasculares, doenças biliares, artropatias e cancro, entre outras.
Vários trabalhos de investigação têm vindo a demonstrar que o estado de obesidade se acompanha duma situação inflamatória, demonstrável a partir da presença dos respectivos marcadores no plasma sanguíneo, situação inflamatória essa que desempenha um papel muito importante na facilitação/agravamento de várias, se não todas, as patologias que lhe estão associadas. Alguns desses trabalhos demonstraram que a sede do processo inflamatório é o próprio tecido adiposo, onde se acumulam macrófagos, macrófagos esses que, recentemente, Cinti et al (2005) mostraram estarem em roda de adipócitos mortos. Estes autores demonstraram não só a localização dos macrófagos no tecido adiposo, em volta de adfipócitos mortos, como dissemos, mas também de restos de adipócitos, incluindo fragmentos da gotícula gorda, que os macrófagos fagocitavam.
Ao olhar para o tecido adiposo, ao microscópio, e verificando a heterogeneidade de tamanho das células, sobretudo quando os tecidos provinham de ratos ou pessoas mais gordas, começámos a reflectir na dificuldade/resistência à lipólise que os adipócitos de maiores dimensões deveriam ter, pela simples razão de que, sendo aproximadamente esféricos, a relação superfície de membrana celular por unidade de volume ser obviamente menor (factor geométrico) quanto maiores as dimensões dos adipócitos. Isto é, havendo uma situação/estímulo favorecedora de lipólise, os adipócitos maiores teriam uma remoção da sua gordura proporcionalmente menor do que adipócitos mais pequenos. A situação de ciclo vicioso em que esses adipócitos grandes pareciam estar levou-nos a especular sobre o seu futuro e seu fim. E aí surgiu a hipótese de que um destino provável seria a rotura por excesso de tamanho.
Uma vez que os problemas que se punham para análise desta hipótese eram de natureza física/matemática, consultámos um engenheiro mecânico (Prof. Paulo MST de Castro). Com a sua colaboração, utilizando o método de elementos finitos e o sofware ABAQUS, modelizou-se o comportamento de duas esferas, uma com o dobro do raio da outra, com paredes finas e semelhantes nos dois casos, como acontece com os adipócitos. O modelo mostrou que, quando comprimidas entre dois planos rígidos, o valor de stresse equivalente de Tresca era 3,5 vezes superior para a esfera maior, em comparação com a menor. Isto é, submetidos a compressões semelhantes, é muito mais provável a rotura dos adipócitos maiores do que os de menores dimensões.
Esta verificação veio ao encontro de vários tipos de questões que têm intrigado a comunidade médica que estuda a obesidade: Uma delas prende-se mesmo com o tamanho dos adipócitos e a percepção, nunca completamente clarificada, de que o tamanho dos adipócitos não era sempre o mesmo e esse facto poderia relacionar-se com a morbilidade da obesidade.
Outra é a questão do impacto muito diferente que tem a obesidade conforme a sua localização preferencial, sendo a obesidade visceral muito mais patogénica do que a obesidade periférica. Vários mecanismos, nomeadamente relacionados com territórios de drenagem sanguínea, concentração hormonal e densidade de receptores, foram invocados. Mas a hipótese que neste trabalho propomos permite relacionar duma forma simples a patogenicidade dos adipócitos com a respectiva localização, propondo-se, assim, mais um, e presumimos que importante, mecanismo: a cavidade intra-abdominal está sujeita a grandes e bruscas variações de pressão, como está demonstrado em acessos de tosse, exercícios físicos, muito mais uns do que outros, certas patologias, apneia obstrutiva do sono, etc.. Curiosamente, os aumentos de pressão intraabdominal com aquelas manobras são ainda maiores nas pessoas obesas.
A nossa hipótese permite, também, explicar a história da visfatina, adipocina a que se deu este nome por parecer ser preferencialmente segregada pelos adipócitos viscerais. Posteriormente verificou-se que a expressão do gene da visfatina é semelhante nos dois tipos de gordura, visceral e subcutânea, e que, além disso, a proteína não tem uma sequência de secreção, significando essa constituição que muito provavelmente não é sujeita a um processo de secreção, implicando o seu aparecimento no sangue a destruição celular. A nossa teoria, de que os adipócitos se rompem, e se rompem mais facilmente na cavidade abdominal, explica que venha mais visfatina, por rotura das células, da gordura dessa localização.
A obesidade é, como a clínica, a epidemiologia e, mais recentemente, a bioquímica têm mostrado, o resultado de acontecimentos, mecanismos e comportamentos muito complexos, que demorarão o seu tempo e muito esforço investigacional para serem devidamente conhecidos. A questão do tamanho dos adipócitos e respectiva relação com a susceptibilidade à morte celular por rotura, que apresentamos neste trabalho, constitui apenas mais um aspecto a ser tido em conta nessa complexa realidade. Tem havido, no entanto, uma atenção crescente ao papel dos macrófagos que se localizam no tecido adiposo e segregam muitas das citocinas, se bem que não todas, que daí provêm. O próprio stresse oxidativo, que se está a demonstrar ter também o seu papel na patogenia do síndrome metabólico, pode, pelo menos em parte, ser directamente devido à actividade dos macrófagos.
Ou seja, o tamanho dos adipócitos parece constituir, só por si, um risco para reacções inflamatórias com todas as sequelas que a estas se associam, particularmente os eventos cardiovasculares. E se a quantidade de gordura que uma pessoa acumula depende de múltiplos factores, requerendo a sua solução, por isso, múltiplas abordagens preventivas/terapêuticas, propomos que entre estas abordagens preventivo/terapêuticas se incluam medidas que levem ao aumento da razão número de adipócitos/volume de gordura. Isto é, intervenções facilitadoras da diferenciação de pré-adipócitos poderão ajudar a reduzir o risco de doença associada à obesidade.
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