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PANCITOPENIA PRÉVIA AO TRATAMENTO EM PACIENTES COM DOENÇA DE GRAVES
(especial para SIIC © Derechos reservados)
Autor:
Carmen S. Lima
Columnista Experto de SIIC

Institución:
Universidade Estadual de Campinas

Artículos publicados por Carmen S. Lima 
Coautor Carmen S. Lima* 
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, Brasil*


Recepción del artículo: 0 de , 0000
Aprobación: 29 de septiembre, 2006
Conclusión breve
Pancitopenia em pacientes tireotóxicos, particularmente com doença de Graves, pode resultar apenas da ação do excesso de hormônios tiroideanos na hematopoiese e ser identificada somente como anormalidade laboratorial. Este achado justifica a avaliação hematológica prévia ao tratamento com tionamidas, e da função tiroideana em pacientes com pancitopenia, mesmo na ausência de sintomas tireotóxicos.

Resumen



Clasificación en siicsalud
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Especialidades
Principal: Endocrinología y MetabolismoHematología
Relacionadas: Anatomía PatológicaAtención PrimariaDiagnóstico por LaboratorioMedicina FamiliarMedicina Interna

Enviar correspondencia a:
DE Zantut-Wittmann, Endocrinology, Department of Internal Medicine, State University of Campinas, Campinas, Brasil



PANCITOPENIA PRÉVIA AO TRATAMENTO EM PACIENTES COM DOENÇA DE GRAVES

(especial para SIIC © Derechos reservados)
Artículo completo
A tireotoxicose freqüentemente associa-se a citopenias discretas durante análise do sangue periférico. Níveis elevados dos hormônios tiroideanos geralmente desencadeiam distúrbios quantitativos em apenas uma das linhagens hematológicas, como a anemia, a leucopenia ou a trombocitopenia. A pancitopenia, embora raramente referida, é uma grave complicação dos estados tireotóxicos (1,2).
Nós descrevemos neste estudo os casos de quatro pacientes com doença de Graves, que apresentaram pancitopenia ao diagnóstico da doença tireoideana auto-imune.
Relato dos Casos
Caso 1
O.C., sexo masculino, 71 anos, foi avaliado em nosso serviço em março de 1998 devido a pancitopenia. Referiu apenas fraqueza. Palidez cutâneo mucosa foi identificada ao exame físico. Anemia normocítica e normocrômica (Hb: 7,3 g/dL; Ht: 21,8%; VCM: 82,1 fL; CHCM: 27,3 g/dL), com número de reticulócitos normal (1,0x106/L), leucopenia (2,5x109/L), neutropenia (0,9 x109/L), and trombocitopenia (23,0x109/L) foram achados da análise do sangue periférico. As concentrações séricas de transaminases, bilirubinas, haptoglobina e ferritina foram normais. Os testes de Coombs direto e indireto foram negativos. Discreta hipercelularidade das linhagens eritróide, granulocítica e megacarioblástica com atipias discretas e retardo de maturação foi observada durante as avaliações citológica e histológica da medula óssea. O paciente recebeu transfusão de concentrado de eritrócitos e ácido fólico (5 mg/dia) e vitamina B12 (5.000 mg/semana) por duas semanas, sem alteração dos índices hematimétricos. O diagnóstico da doença de Graves foi baseado no aumento difuso do volume da tireóide, no aumento dos níveis de tiroxina livre (T4L = 2,87 ng/dL; VR: 0,6-1,8), na redução dos níveis de tireotrofina (TSH =: 0,07 uIU/mL; VR: 0.35-4.00) e na detecção dos anticorpos antitireoglobulina (AcTg = 1.276,0 IU/mL; VR <76,0) e antitireoperoxidade (AcTPO = 436,0 IU/mL; RV <76,0). Houve um aumento considerável da concentração de hemoglobina e nos números de leucócitos e plaquetas após um mês de tratamento com metimazol (MMI 30 mg/dia). Em janeiro de 1999, o paciente recebeu 370 MBq de 131I e desenvolveu hipotireoidismo em agosto de 1999 (T4L = 0,39 ng/dL; TSH = 44,68 uIU/mL). Foi mantido em tratamento com Levo-tiroxina (L-T4 50-75 ug/dia) até outubro de 2000, quando perdeu o seguimento clínico.
Caso 2
J.R.P., sexo feminino, 35 anos, foi avaliada em abril de 1999 devido a bócio e perda de peso. Palidez cutâneo mucosa, icterícia e bócio foram as anormalidades do exame físico. Anemia microcítca e hipocrômica (Hb: 9,5 g/dL; Ht: 30,2%; VCM: 73,4 fL; CHCM: 23,1 g/dL) com número normal de reticulócitos (2,4x106/L), leucopenia (28,0x109/L), neutropenia (1,6x109/L) e trombocitopenia (75,0x109/L) foram observados ao exame hematológico. O diagnóstico da doença de Graves foi confirmado com base nos valores de T4L (5,90 ng/dL), TSH (0,01 uIU/mL), AcTg (321,0 IU/mL) e AcTPO (1.276,0 IU/mL). As concentrações séricas de haptoglobina, ferritina, ácido fólico e vitamina B12 foram normais. A eletroforese de hemoglobina foi normal. Os testes de Coombs direto e indireto foram negativos. Entretanto, foi observado o aumento das concentrações séricas da alanina aminotransferase (ALT 22,0 IU/L), da aspartato aminotransferase (AST 9,0 IU/L) e das bilirubinas (BT: 5,3 mg/dL; BD: 3,2 mg/dL; BI: 2,1 mg/dL). Os testes sorológicos para a detecção dos vírus da hepatite B e C foram negativos. As concentrações séricas do colesterol LDL e dos triglicérides foram normais e do colesterol HDL foi reduzida. Hepatopatia associada à tireotoxicose foi um diagnóstico adicional. As avaliações citológica e histológica da medula óssea revelaram discreta hipercelularidade das linhagens eritróide, granulocítica e megacarioblástica. Não foram identificadas células atípicas. Normalização dos índices hematimétricos e dos valores hormonais (T4L = 1,57 ng/dL; TSH= 0,01 uIU/mL) foram observadas após cinco meses do MMI (25-40 mg/dia). A paciente foi encaminhada para sua cidade de origem para seguimento clínico após dois meses de tratamento.
Caso 3
T.C., sexo masculino, 39 anos, foi avaliado em maio de 2000 devido a palpitações, tremores de extremidades e perda de peso (18 kg em cinco meses). Ao exame físico, foram identificadas taquicardia, bócio, exoftalmia e tremores finos de extremidades. Anemia normocrômia e normocítca (Hb: 11,9 g/dL; Ht: 35,8%; VCM: 89,8 fL; CHCM: 29,9 g/dL) com número normal de reticulócitos (4,2x106/L), leucopenia (3,9x109/L) and trombocitopenia (96,0x109/L) foram observadas ao exame hematológico. O diagnóstico da doença de Graves foi confirmado com base nas anormalidades dos valores de T4L (7,77 ng/dL), de TSH (0,01 uIU/mL), de AcTg (121,0 IU/mL) e de AcTPO (1.000,0 IU/mL). A cintilografia da tireóide com pertechnetato-99mTc revelou um aumento difuso de captação de 11% (VR: 0,4-1,6%). As concentrações séricas das transaminases, bilirubinas, ferritina, ácido fólico e vitamina B12 foram normais. Os testes de Coombs direto e indireto foram negativos. MMI (30 mg/dia) foi introduzido mas interrompido após duas semanas devido a intensa reação cutânea. O paciente subseqüentemente recebeu propiltiouracil (PTU 400 mg/dia) e, em agosto de 2000, obteve índices hematimétricos normais e valor de T4L no limite superior de normalidade (2,11 ng/dL). Freqüentes variações nas concentrações séricas de hemoglobina, nos valores de T4L e nos números de leucócitos e de plaquetas ocorreram de acordo com a aderência do paciente ao tratamento. Após radioiodoterapia (550 MBq, dezembro de 2001), ele atingiu o estado de eutireoidismo e obteve normalização do índices hematimétricos.
Caso 4
R.P.A., sexo feminino, 18 anos, foi avaliada em nosso serviço em janeiro de 2001 devido a pancitopenia. A paciente referiu fraqueza e palpitações. Palidez cutâneo mucosa, taquicardia, exoftalmia, bócio e tremores de extremidades foram as anormalidades do exame físico. Anemia normocrômica e normocítca (Hb: 4,0 g/dL; Ht: 12,4%; VCM: 95,9 fL; CHCM: 23,1 g/dL), com número normal de reticulócitos (25,0x106/L), leucopenia (3,0x109/L), neutropenia (0,5x109/L) e trombocitopenia (10,0x109/L) foram achados do exame hematológico. O dignóstico de hipertireoidismo foi confirmado com base nos valores do T4L (2,48 ng/dL), TSH (< 0,001 uIU/mL), AcTPO (84,6 IU/mL) e AcTg (negativo). As concentrações séricas de ferritina, ácido fólico e vitamina B12, haptoglobina, uréia, creatinina, transaminases, bilirubinas, anticorpos anti-DNA e fator antinúcleo, assim como os valores de hemoglobinúria e urobilinogênio urinário, foram normais. Os testes de Coombs direto e indireto foram negativos. Anticorpos não específicos antiplaquetas foram detectados por ELISA. Discreta hipercelularidade das linhagens eritróide, granulocítica e megacarioblástica, com atipias celulares e retardo de maturação, foram observadas durante as análises citológica e histológica da medula óssea. A paciente recebeu transfusão de concentrado de eritrócitos para corrigir a anemia e restaurar o quadro hemodinâmico durante a primeira avaliação. Ela subseqüentemente foi tratada com MMI (20-60 mg/dia), carbonato de lítio (600 mg/dia) e transfusões de concentrado de eritrócitos, e permaneceu em tireotoxicose e com pancitopenia de janeiro a outubro de 2001, quando procedeu-se à radioiodoterapia (1.110,0 MBq). Em dezembro de 2001, a despeito do valor normal de T4L (1,09 ng/dL), os índices hematimétricos ainda eram anormais (Hb: 5,4 g/dL; leucócitos: 3,3x109/L, neutrófilos: 0,6x109/L e plaquetas: 1,0x109/L) e a paciente foi novamente submetida às avaliações citológica e histológica da medula óssea. Acentuada hipocelularidade das linhagens eritróide, granulocítica e megacarioblástica foram observadas. Após interrupção do MMI foram introduzidas a globulina antitimocitária (ATG: 700,0 mg/dia em infusão I.V. por cinco dias) e a ciclosporina (CY: 1,5 g em infusão I.V. por um dia), seguida por CY (400,0 mg/dia por V.O.), prednisona (30-60 mg/dia por V.O.) e fator estimulador de colônias da linhagem granulocítica (G-CSF: 150 ug por injecão S.C., 3x/semana). Transfusão de eritrócitos e plaquetas foram administrados nos dias subsequentes. Nas próximas duas semanas, houve o aumento progressivo da concentração da hemoglobina e dos números de leucócitos e de plaquetas (Hb: 10,2 g/dL; leucócitos: 2,5x109/L, neutrófilos: 0,8x109/L, plaquetas: 12,0x109/L). Houve suspensão gradual da prednisona (40 mg/dia) e do G-CSF (150 ug por injeção S.C., 2x/semana). Em fevereiro de 2002, a paciente apresentou valores de T4L e TSH de 2,57 ng/dL e < 0,01IU/mL, respectivamente, sob terapêutica com MMI (5-10 mg/dia). A captação da tireóide com pertechnetato-99m-Tc foi de 0,0%, sugerindo quadro de tireotoxicose transitória após radioiodoterapia. Em maio de 2002, a paciente desenvolveu hipotireoidismo e recebeu L-T4 (100 mg/dia). Em julho de 2004, ela apresentou Hb: 11,6 g/dL, leucócitos: 3,3x109/L, neutrófilos: 1,6x109/L, e plaquetas: 109,0x109/L. Neste momento recebia apenas L-T4 e CY (300 mg/dia).
O tratamento com metimazol ou propiltiouracil restabeleceu o eutiroidismo e restaurou a hemopoese em três pacientes. No paciente remanescente, o MMI induziu anemia aplástica. Entretanto, o mesmo obteve remissão do quadro hematológico após tratamento imunossupressor (globulina antitimócito, ciclosporina, prednisona e fator estimulador de colônias de granulócitos) e radioiodoterapia.
Julgamos que a pancitopenia observada em todos os casos resultou da hemopoese ineficaz determinada pelo excesso de hormônios tiroideanos, uma vez que observamos hipercelularidade das linhagens eritrocitária, granulocítica e megacarioblástica na medula óssea, por avaliações citológicas e histológicas da medula óssea, porém com anormalidades morfológicas significativas.
Concluímos que: (1) Pacientes com doença de Graves devem ser submetidos a exame hematológico antes do início do tratamento com tionamidas, (2) Aqueles com pancitopenia e medula óssea hipercelular devem receber drogas anti-tiroideanas mas, a reavaliação da medula óssea deve ser realizada quando a recuperação dos índices hematimétricos com o eutiroidismo não é obtida, (3) Pacientes com anemia aplástica causada por drogas anti-tiroideanas devem receber tratamento immunosuppressor, (4) Avaliação da função tiroideana de pacientes com pancitopenia deve ser realizada, mesmo na ausência de sintomas tireotóxicos.
Bibliografía del artículo
1. Ansell JE. The blood in thyrotoxicosis. In: Werner and Ingbar's. The thyroid. 7th ed., eds. Braverman LE & Utiger RD. Lippincott-Raven Publishers, Philadelphia, 1996; pp. 637-652.
2. DeGroot LJ. Graves' disease and the manifestations of thyrotoxicosis - hematologic changes. http://www.thyroidmanager.org/Chapter10/10-frame.htm. 2004.
3. Aoki N, Wakisaka G, Nagata I. Increase of T cells in Graves' disease. Lancet 1973; 2:49-50.
4. Reddy J, Brownlie BEW, Heaton DC, Hamer JW, Turner JG. The peripheral blood picture in thyrotoxicosis. N Z Med J 1981; 93:143-145.
5. Aanderud S, Matre R, Varhaug JE. Immunological characterization of mononuclear cells in thyroid gland and blood in Graves' disease, multinodular goiter and papillary carcinoma. Int Arch Allergy Appl Immunol 1982; 69:137-142.
6. Hymes K, Blum M, Lackner H, Karpatkins S. Easy bruising, thrombocytopenia and elevated platelet immunoglobulin G in Graves' disease and Hashimoto thyroiditis. Ann Intern Med 1981; 94:27-30.

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