siiclogo2c.gif (4671 bytes)
UTILIZAÇÃO DA PCR (POLYMERASE CHAIN REACTION) NO DIAGNOSTICO DA LEISHMANIOSE: SOLUÇÃO DE VELHOS PROBLEMAS E NOVOS QUESTIONAMENTOS
(especial para SIIC © Derechos reservados)
gomesro.jpg
Autor:
Eduardo Henrique Gomes Rodrigues
Columnista Experto de SIIC

Institución:
Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM) Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) PE, Brasil

Artículos publicados por Eduardo Henrique Gomes Rodrigues 
Coautores Maria Edileuza Felinto de Brito*  Mitzi Guedes Mendonça**  Roberto Pereira Werkhäuser***  Frederico Guilherme Coutinho Abath**** 
Mestre em Anatomia Patológica Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães – CpqAM. Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ*
Mestre em Medicina Tropical Universidade Federal de Pernambuco - UFPE**
Mestre em Bioquímica. Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães – CpqAM. Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ***
Mestre em Bioquímica, PhD em Biologia Molecular e Imunologia Parasitária. Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães – CPqAM Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ****


Recepción del artículo: 30 de abril, 2004
Aprobación: 0 de , 0000
Conclusión breve
Reconhecidamente, os métodos convencionais para o diagnóstico da leishmaniose tegumentar americana (LTA) apresentam limitações, justificando o desenvolvimento e validação de novas abordagens diagnósticas

Resumen

Reconhecidamente, os métodos convencionais para o diagnóstico da leishmaniose tegumentar americana (LTA) apresentam limitações, justificando o desenvolvimento e validação de novas abordagens diagnósticas. Neste sentido, identificamos através de Western blot os principais antígenos da forma promastigota de Leishmania (Viannia) braziliensis. Destacavam-se os antígenos de 27 (Lb27) e 30 kDa (Lb30), que eram reconhecidos por aproximadamente 90% dos pacientes com lesões ativas. Além de serem relevantes para o diagnóstico, estes antígenos também são importantes para a monitoração da cura clínica. Os soros de pacientes que apresentaram cura clínica espontânea da LTA reconheciam o antígeno de 19 kDa (Lb19) com maior freqüência que os pacientes com lesões ativas, sugerindo que seja importante para a imunidade protetora. Em outra investigação, avaliamos por PCR 119 biópsias cutâneas de pacientes com LTA e lesões não leishmanióticas. Os sistemas baseados em PCR apresentaram especificidade de 100% e eram significativamente mais sensíveis que em relação a pesquisa direta, histopatologia e isolamento por cultura. Finalmente, analisando biópsias de cicatrizes de pacientes curados clinicamente, após tratamento quimioterápico específico, detectou-se DNA específico para Leishmania (Viannia) em 30 dos 32 (93,7%) pacientes estudados. Além disso, em algumas destas cicatrizes os parasitas eram cultiváveis e infectantes para animais de laboratório, sugerindo que a persistência de parasitas é regra e não exceção na leishmaniose. Desta forma, por um lado, os testes moleculares superam as limitações dos testes diagnósticos convencionais. Por outro lado, a demonstração da persistência de parasitas após a cura clínica da LTA levanta várias questões novas com relação à evolução clínica, epidemiologia e controle da doença.

Palabras clave
Leishmaniose tegumentar americana, cura clínica, resposta anticórpica, reação de cadeia em polimerase

Clasificación en siicsalud
Artículos originales> Expertos del Mundo>
página www.siicsalud.com/des/expertos.php/68284

Especialidades
Principal: DermatologíaInfectología
Relacionadas: Diagnóstico por LaboratorioMedicina Interna

Enviar correspondencia a:
Frederico Guilherme Coutinho Abath. Av. Prof. Moraes Rego s/n. Cidade Universitária. 50670-420. Recife-PE. Brasil Abath, Frederico Guilherme Coutinho


PCR (POLYMERASE CHAIN REACTION) AS A DIAGNOSTIC TOOL FOR LEISHMANIASIS: OLD PROBLEMS SOLVED AND NEW QUESTION RAISE

Abstract
As it is well known, the conventional methods for diagnosis of American cutaneous leishmaniasis (ACL) present limitations, justifying the development and validation of new diagnostic approaches. In this direction, we identified the major promastigote antigens of Leishmania (Viannia) braziliensis. The antigens of 27 (Lb27) and 30 kDa (Lb30) were recognized by approximately 90% of the patients presenting active lesions. These antigens are relevant for both diagnosis and monitoring of clinical cure. Sera from patients clinically cured from ACL recognized the 19 kDa antigen (Lb19) more frequently than patients with active lesions, suggesting that this antigen is important for protective immunity. In another investigation, we analysed by PCR 119 cutaneous biopsies of patients with ACL and non-leishmaniasis lesions. The PCR based systems were 100% specific. In addition, they were significantly more sensitive than smear examination, histological staining and isolation by culture. Finally, we analyzed scar biopsies from patients clinically cured after specific chemotherapy, and DNA specific for Leishmania (Viannia) was detected in scars of 30 out of 32 (93.7%) patients. Furthermore, Leishmania could be isolated by culture in a few of these scars, and the isolates were able to infect experimental animals, suggesting that the persistence of parasites is the rule rather than the exception in leishmaniasis. Thus, in one hand, the molecular tools overcome the limitations of the conventional diagnostic tests. On the other hand, the demonstration that parasites persist after clinical cure of ACL raises several new questions regarding the clinical evolution, epidemiology and control of the disease.


UTILIZAÇÃO DA PCR (POLYMERASE CHAIN REACTION) NO DIAGNOSTICO DA LEISHMANIOSE: SOLUÇÃO DE VELHOS PROBLEMAS E NOVOS QUESTIONAMENTOS

(especial para SIIC © Derechos reservados)
Artículo completo
As leishmanioses são doenças antropozoonóticas transmitidas ao homem por insetos flebotomíneos, causadas por várias espécies de protozoários do gênero Leishmania. Das 30 espécies existentes, 22 causam doença humana, podendo a mesma se manifestar como úlceras cutâneas simples (que tendem para autocura), graves lesões mucosas ou mesmo a forma visceral mais grave. Representam, um problema sério de saúde pública, na medida em que são endêmicas em 88 países distribuídos em 4 continentes. Embora a leishmaniose visceral também seja importante para o Brasil e América do Sul, o presente artigo se concentrará na leishmaniose tegumentar, que apresenta uma incidência anual de 1.5 milhões de casos, com mais de 90% destes casos ocorrendo no Irã, Afeganistão, Síria, Arábia Saudita, Brasil e Peru.12 Nas Américas, a doença recebe a denominação de leishmaniose tegumentar americana (LTA), sendo, no Brasil, amplamente distribuída desde o sul da Bacia Amazônica até o sudeste brasileiro, causada predominantemente por Leishmania (Viannia) braziliensis.7 Do ponto de vista clínico, a LTA pode assumir formas mucocutâneas mutilantes, ou de difícil tratamento, como as formas difusas, além de muitas vezes haver dificuldades no diagnóstico diferencial com outras doenças.
Diante do exposto acima, o diagnóstico dessa doença é componente importante para as estratégias de controle. Os métodos diagnósticos parasitológicos convencionais incluem, o exame microscópico de esfregaços e/ou imprint da lesão; exame histopatológico através de biópsias da lesão ou cultura de amostras clínicas para o isolamento do parasita. Todos estes métodos apresentam a baixa sensibilidade como limitação comum,1 nos estimulando a desenvolver e validar abordagens mais acuradas, de base imunológica e molecular.
Nos últimos anos, nosso grupo de pesquisa analisou através de Western blot, a reatividade anticórpica dos soros de 58 pacientes com leishmaniose tegumentar americana, residentes no município de Amaraji, situado na Zona da Mata de Pernambuco, identificando os principais antígenos do parasita.3 O estudo utilizou frações solúveis e insolúveis de formas promastigotas de L. (V.) braziliensis. Um perfil de reatividade anticórpica específico contra antígenos do parasita foi encontrado, e os peptídeos de 66, 60, 48, 30, 27, 19 e 16 kDa foram reconhecidos por 30%, 33%, 70%, 88%, 91%, 52% e 85% dos pacientes, respectivamente. O reconhecimento dos antígenos solúveis de 27 e/ou 30 kDa, que foram denominados Lb27 e Lb30, respectivamente, foi considerado relevante para o diagnóstico de leishmaniose tegumentar, pois os referidos antígenos não eram reconhecidos por soros normais ou de pacientes com outras doenças infecciosas e parasitárias. Neste mesmo estudo, o diagnóstico através de Western blotting (91% de sensibilidade) foi comparado com a imunufluorescência indireta e ELISA, sendo mais sensível e específico. Em seguida, a especificidade antigênica e os níveis de resposta anticórpica foram analisados em soros de obtidos de três grupos: 1) indivíduos com leishmaniose tegumentar americana ativa, 2) indivíduos curados clinicamente após tratamento quimioterápico, e 3) indivíduos que apresentaram cura clínica espontânea. Neste estudo, havia o interesse particular em avaliar se a dinâmica da resposta humoral poderia ser útil na monitoração de cura clínica.4 Uma diminuição clara da reatividade de anticorpos IgG foi demonstrada após cura clínica para todos os antígenos analisados, com destaque para Lb27 e Lb30, cujas freqüências de reconhecimento antigênico diminuíram aproximadamente duas vezes nos pacientes clinicamente curados, sugerindo que eles podem ser úteis como marcadores de cura clínica. A exceção foi o antígeno de 19 kDa (Lb19), cuja freqüência de reconhecimento aumentou após a cura clínica espontânea dos pacientes, sugerindo que este antígeno participa da resposta imunoprotetora contra a LTA. No entanto, é fato que os testes baseados na detecção de anticorpos circulantes específicos, são a expressão de uma resposta imune que pode persistir mesmo após a cura da infecção, havendo dificuldades na sua utilização na monitoração de tratamento de pacientes individuais. Entretanto, os marcadores de prognóstico Lb27 e Lb30 podem ser utilizados em estudos epidemiológicos de base populacional.
Além do desenvolvimento de testes diagnósticos de base imunológica, é importante a incorporação de métodos de diagnóstico moleculares bastante sensíveis e específicos à rotina diagnóstica. Com este objetivo, avaliamos a utilização de métodos moleculares para o diagnóstico de pacientes com LTA em áreas endêmicas.9 Os métodos selecionados foram baseados em PCR e tinham como alvo, a detecção de seqüências de minicírculos, que estão presentes em cerca de 10 000 mil cópias por parasita, e apresentam regiões conservadas e variáveis.5 Estes atributos fazem com que os minicírculos sejam um excelente alvo para técnicas capazes de detectarem DNA, como é o caso da PCR. Um total de 119 fragmentos de biópsias cutâneas foi estudado provenientes de pacientes com LTA ou doenças dermatológicas de etiologia não leishmaniótica. Dois sistemas de PCR foram utilizados, um específico para subgênero Viannia 5 mostrou uma sensibilidade de 95.4%, enquanto que a PCR especifica para o gênero Leishmania 10 apresentou uma sensibilidade de 88.2%. A especificidade calculada sobre o grupo com lesões não leishmanióticas foi de 100% em ambos os sistemas de PCR. Estes resultados mostraram que as sensibilidades das abordagens derivadas de PCR foram significativamente maiores que as apresentadas pelo exame microscópico de esfregaços da lesão e isolamento por cultura (p < 0.05). Desta forma, o diagnóstico através da detecção de DNA (hibridização e PCR) pode ser utilizado em zonas endêmicas desde que se criem laboratórios de referência. Entretanto, é necessário que os custos sejam aceitáveis, e que os procedimentos sejam simplificados, e que, no caso das hibridizações, as sonda radioativas sejam substituídas por sondas não radioativas.2,9
Ao mesmo tempo em que os métodos baseados em detecção de DNA superaram as sensibilidades dos métodos convencionais de diagnóstico, novas questões surgiram quando, em outra investigação, analisamos biópsias de cicatrizes de pacientes curados clinicamente. Utilizando PCR dirigida para a amplificação de minicírculos, demonstramos a presença de DNA específico para Leishmania (Viannia) nas cicatrizes de 30 dos 32 (93.7%) pacientes clinicamente curados de LTA que foram estudados. Além disto, demonstramos que em algumas destas amostras os parasitas eram cultiváveis e infectantes para animais de laboratório, sugerindo fortemente que a persistência de parasitas é a regra e não a exceção na leishmaniose.8 Alguns trabalhos anteriores já haviam sugerido a persistência de Leishmania após tratamento e cura clinica da LTA, através da detecção de DNA do parasita em sangue6 e cicatrizes de pacientes.10 Contudo, ao que sabemos, o isolamento inequívoco de parasitas viáveis esteve restrito a dois casos.11 Desta forma, nosso grupo ampliou significativamente estes estudos anteriores. A demonstração da persistência de parasitas após a cura clínica da LTA levanta várias questões com relação à evolução clínica, epidemiologia e controle da leishmaniose: 1) qual a taxa de reativação das lesões, particularmente diante da coexistência cada vez mais freqüente de leishmaniose e AIDS 2) pacientes imunossuprimidos com leishmaniose clinicamente curada podem transmitir a doença 3) o desenvolvimento de estratégias de tratamento para eliminar completamente o parasita é justificável 4) o fenômeno de persistência de leishmânias é geral ou se restringe a algumas variantes intra-específicas Todos estes assuntos são importantes para o controle da doença, e certamente requerem mais estudos.
Los autores no manifiestan conflictos.
Bibliografía del artículo
  1. Aviles H, Belli A, Armijos R, Monroy FP, Harris E. PCR detection and identification of Leishmania parasites in clinical specimes in Ecuador: a comparison with classical diagnostic methods. J Parasitol 1999; 85: 181-7.
  2. Belli A, Rodriguez B, Aviles H, Harris E. Simplified polymerase chain reaction detection of new world leishmania in clinical specimens of cutaneous leishmaniasis. Am. J Trop Med Hyg 1998; 58: 102-9.
  3. Brito MEF, Mendonça MG, Gomes YM, Jardim ML, Abath FGC. Identification of potentially diagnostic Leishmania braziliensis antigens in human cutaneous leishmaniasis by immunoblot analysis. Clin Diagn Lab Immunol 2000; 7: 318-21.
  4. Brito MEF, Mendonça MG, Gomes YM, Jardim ML, Abath FGC. Dynamics of the antibody response in patients with therapeutic or spontaneous cure of American cutaneous leishmaniasis. Trans. R Soc Trop Med Hyg 2001; 95: 203-6.
  5. De Bruijn MHL, Barker DC. Diagnosis of New World leishmaniasis: specific detection of species of the Leishmania braziliensis complex by amplification of kenotoplast DNA. Acta Trop 1992; 52: 45-58.
  6. Delgado O, Guevara P, Silva S, Belfort E, Ramirez JL. Follow-up of a human accidental infection by Leishmania (Viannia) braziliensis using conventional immunologic techniques and polymerase chain reaction. Am J Trop Med Hyg 1996; 55: 267-72. Acta Trop 52: 45-58.
  7. Grimaldi G, David JR, McMahon-Prat D. Identification and distrbution of New World Leishmania species characterized by serodeme analysis using monoclonal antibodies. Am J Trop Med Hyg 1987; 36: 236-43.
  8. Mendonça MG, Brito MEF, Rodrigues EHG, Bandeira V, Jardim ML, Abath FGC. Persistence of Leishmania parasites in scars after clinical cure of American cutaneous leishmaniasis: is there sterile cure J Infect Dis 2004; 189: 1018-23.
  9. Rodrigues EHG, Brito MEF, Mendonça MG, Werkhäuser RP, Coutinho EM, Souza WV, et al. Evaluation of PCR for diagnosis of American cutaneous leishmaniasis in an endemic area of Northeastern Brazil. J Clin Microbiol 2002; 40: 3572-6.
  10. Schubach A, Haddad F, Neto MPO, Degrave W, Pirmez C, Grimaldi J, et al. Detection of Leishmania DNA by polymerase chain reaction in scars of treated human patients. J Infec Dis 1998; 178: 911-4.
  11. Schubach A, Marzochi MC, Cuzzi-Maya T, Oliveira AV, Araújo ML, Oliveira AL, et al. Cutaneous scars in American tegumentary leishmaniasis patients: a site of Leishmania (Viannia) braziliensis persistence and viability eleven years after antimonial therapy and clinical cure. Am J Trop Med Hyg 1998; 58: 824-7.
  12. WHO. World Health Organization, Special Programme for Research and Training in Tropical Diseases, leishmaniasis section. http://www. who. int. /tdr. /index. html (3 Abril de 2004, última data acessada).

© Está  expresamente prohibida la redistribución y la redifusión de todo o parte de los  contenidos de la Sociedad Iberoamericana de Información Científica (SIIC) S.A. sin  previo y expreso consentimiento de SIIC
anterior.gif (1015 bytes)

Bienvenidos a siicsalud
Acerca de SIIC Estructura de SIIC


Sociedad Iberoamericana de Información Científica (SIIC)
Mensajes a SIIC

Copyright siicsalud© 1997-2024, Sociedad Iberoamericana de Información Científica(SIIC)