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CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL DOS IDOSOS DE UM MUNICÍPIO BRASILEIRO
(especial para SIIC © Derechos reservados)
Autor:
Silvio Rocha Corrêa da Silva
Columnista Experto de SIIC

Artículos publicados por Silvio Rocha Corrêa da Silva 
Recepción del artículo: 17 de abril, 2002
Aprobación: 19 de mayo, 2002
Conclusión breve
A prevalência das principais doenças bucais foi elevada, com os idosos apresentando poucos dentes presentes na boca, grande quantidade de doença periodontal e necessitando usar ou substituir as próteses dentárias.

Resumen



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Especialidades
Principal: Geriatría
Relacionadas: Salud Pública


CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL DOS IDOSOS DE UM MUNICÍPIO BRASILEIRO

(especial para SIIC © Derechos reservados)
Artículo completo
RESUMO

Os estudos sobre as condições de saúde bucal dos idosos no Brasil ainda são escassos, mas os poucos estudos disponíveis mostram uma situação clínica precária e uma baixa prioridade para atendimento curativo nos serviços públicos. Este artigo tem por objetivo apresentar os resultados de três estudos em saúde bucal realizados com pessoas idosas no município de Araraquara, Brasil. Os resultados mostraram que a prevalência das principais doenças bucais foi elevada, com os idosos apresentando poucos dentes presentes na boca, grande quantidade de doença periodontal e necessitando usar ou substituir as próteses dentárias. Estes aparelhos são usados por longos períodos de tempo, provavelmente sem um adequado acompanhamento profissional, o que fez com que, no caso das próteses totais, 64% delas fossem consideradas inadequadas para o uso. Como conseqüência, 40% dos idosos apresentavam dificuldades com a mastigação e 60% evitavam ingerir certos tipos de alimentos. Mesmo com condições clínicas precárias observou-se que este fator teve pouca influência na percepção de saúde bucal pelo idoso. A situação detectada nos estudos mostra ser necessário maior atenção dos serviços públicos a este grupo populacional, implantando não só os atendimentos curativos e reabilitadores, mas também desenvolvendo ações educativas e preventivas. Palavras chave: odontologia geriátrica, saúde do idoso, levantamentos de saúde bucal, cárie dentária, próteses dentárias.
A população brasileira vem envelhecendo de forma rápida desde o início da década de 60. O grupo de pessoas com 60 anos e mais de idade é o que proporcionalmente mais cresce na população, e a velocidade com a qual esse processo vem ocorrendo representa um grande desafio tanto para o grupo como para a sociedade como um todo. Numa situação na qual os idosos não encontram amparo adequado no sistema público de saúde e de previdência, tem-se o acúmulo de seqüelas de doenças, o desenvolvimento de incapacidades e a perda de autonomia e de qualidade de vida.1Na área de saúde bucal a situação também é precária e pode ser observada tanto pelo quadro epidemiológico como pela ausência de programas voltados para este grupo populacional. Os estudos disponíveis no Brasil2-4 mostram um grupo de pessoas com quase todos os dentes extraídos, grande quantidade de bolsas periodontais, lesões da mucosa bucal e com o uso de próteses inadequadas. Já os programas dirigidos a estas pessoas são raros, pois elas ainda hoje, apresentam baixa prioridade nos serviços públicos, mesmo com todos os problemas bucais acumulados e da forte mudança demográfica verificada no país.5 Apesar de não existirem doenças bucais relacionadas diretamente à velhice, alguns problemas, como a diminuição da capacidade mastigatória, a dificuldade de deglutição, a secura na boca e as modificações no paladar têm efeitos cumulativos negativos e prejudiciais para o indivíduo.Este artigo tem por objetivo apresentar a situação de saúde bucal dos idosos residentes no município de Araraquara, Brasil. O município, localizado na região centro-norte do Estado de São Paulo, tem população estimada em 182.471 habitantes6 e as mudanças na sua estrutura etária têm se verificado em ritmo mais acelerado que na média do país e do Estado de São Paulo. Em 2000, o grupo de pessoas com 60 anos e mais representava 11.4% da população total e já superava o das crianças menores de 5 anos (6.8% do total). Em 1998 realizou-se estudo7 com 194 pessoas com 60 anos e mais de idade, institucionalizadas e não-institucionalizadas, com o objetivo de determinar a prevalência das principais doenças bucais deste grupo etário no município. Os resultados indicaram que a condição clínica, de maneira geral, era precária, segundo os vários indicadores utilizados. A experiência de cárie dentária destas pessoas era muito alta. Em média, os idosos institucionalizados apresentavam apenas 1.09 dentes hígidos enquanto os não-institucionalizados tinham 1.73 dentes sem experiência de cárie. É preciso observar que as pessoas institucionalizadas possuíam, em média, 3.15 dentes presentes na boca, enquanto os não-institucionalizados apresentavam, em média, 4.94 dentes presentes. O percentual de pessoas desdentadas (72% dos institucionalizados e 60% dos não-institucionalizados) revelou não só a condição de muitas perdas dentárias, assim como o tipo de serviço odontológico prestado a estas pessoas, deixando claro que o tratamento restaurador falhou ou não chegou a existir.Entre os idosos que ainda conservavam seus dentes, a doença periodontal também foi bastante freqüente, principalmente nas suas formas mais severas, que são as bolsas periodontais rasas e profundas (75% entre os institucionalizados e 57% entre os não-institucionalizados). Outra condição clínica observada foi o uso e a necessidade de prótese. Neste caso, 80% das pessoas institucionalizadas e 61% das não-institucionalizadas precisavam substituir a prótese que estava em uso ou começar a usá-la. A grande quantidade de próteses que necessitavam de substituição decorre do fato de que esses aparelhos são utilizados durante vários anos, provavelmente sem acompanhamento profissional, prejudicando a mastigação dos alimentos, o consumo de uma dieta adequada e favorecendo o aparecimento de lesões na mucosa oral.Sobre o uso de próteses sem o devido acompanhamento profissional, Braga8 realizou estudo no município com o objetivo de investigar a presença de problemas relacionados com a mastigação durante a ingestão de certos alimentos por idosos que usavam prótese total. Foram entrevistados e examinados 103 pessoas, com 60 anos e mais, desdentados e usuários de prótese total, que freqüentavam um centro de saúde do município. Os resultados mostraram que 32% dos idosos não visitavam o cirurgião-dentista há mais de 20 anos, e que para a maioria, a data da última consulta coincidia com a colocação das próteses. O tempo de uso da prótese atual também foi alto, pois 38.8% dos idosos usavam o mesmo aparelho há 20 ou mais anos. Através de exame clínico foram consideradas como inadequadas, 64,0% das próteses em uso.Com relação as alterações na mastigação e na ingestão de alimentos provocados pelo uso de próteses totais, 40.0% dos idosos declararam ter dificuldades com a mastigação, sendo que, 60.2% relatou problemas mastigatórios com certos tipos de alimentos (carnes, frutas, verduras cruas, legumes crus e massas), chegando a ser evitado por muitos. Diante de situações clínicas bastante negativas realizou-se estudo sobre a percepção do idoso de suas condições bucais.9 A percepção é um importante indicador de saúde, pois sintetiza a condição de saúde objetiva, as respostas subjetivas, os valores e as expectativas culturais.Realizado com o objetivo de analisar a importância das condições clínicas na autopercepção, o estudo foi realizado em 201 pessoas, dentadas, não-institucionalizadas e com 60 anos e mais de idade. Os resultados mostraram que as pessoas apresentaram precária percepção de seus problemas bucais. Outros estudos10,11 sobre autopercepção já haviam mostrado que a maioria das pessoas vê sua condição bucal de maneira favorável, mesmo em condições clínicas não-satisfatórias. Uma das razões para a fraca associação entre as variáveis clínicas e as subjetivas deve-se ao fato de que muitas doenças detectadas no exame clínico são assintomáticas e provavelmente desconhecidas pelo indivíduo. No estudo, somente as variáveis de sintomatologia dolorosa, como os dentes cariados e os indicados à extração, foram percebidas corretamente pelos idosos. A importância de se entender como a pessoa percebe sua condição bucal está no fato de que o seu comportamento é condicionado por esta percepção e pela importância dada a ela. Mesmo nos países mais desenvolvidos e que oferecem serviços odontológicos a sua população, uma grande parcela não os freqüenta porque não tem a percepção de sua necessidade12,13 Por isso, acredita-se que os estudos sobre a autopercepção possam ser importantes no desenvolvimento de programas educativos, pois são questões ligadas ao autodiagnóstico e autocuidados e, portanto, essenciais quando se tem acesso apenas a serviços emergenciais na área odontológica.Os resultados destes estudos indicam a necessidade de maior atenção aos idosos por parte dos serviços públicos de saúde. A grande quantidade de necessidades acumuladas requerem a implantação de atendimento curativo e restaurador, como também o desenvolvimento de ações preventivas e educativas, pois como afirmam Vasconcellos e Amaral13 as principais doenças da boca devem ser consideradas como doenças do comportamento e, consequentemente, do estilo de vida. Concomitantemente às ações em saúde bucal, na área de nutrição estas pessoas necessitam de uma orientação dietética adequada a sua realidade.Estes estudos se complementam e dão um panorama geral da situação em saúde bucal do idoso no município. Apesar dos poucos estudos disponíveis no Brasil, nesta faixa etária, acredita-se que a situação encontrada seja equivalente a de outros municípios brasileiros, diante dos poucos programas dirigidos a este grupo populacional. A severidade das situações encontradas indica que algo precisa ser feito, e desenvolver ações a este grupo não significa deixar de dar atenção prioritária a outros grupos, mas distribuir de forma mais equilibrada os recursos, de acordo com a atual situação demográfica e epidemiológica. Afinal, a manutenção por parte dos idosos de uma dentição natural, funcional, com uma estética e eficiência mastigatória aceitáveis, pode e deve representar uma situação prevalente em cada comunidade.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  1. Chaimowicz F. A saúde dos idosos brasileiros às vésperas do século XXI: problemas, projeções e alternativas. Rev. Saúde Pública 1997; 31:184-200
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Levantamento epidemiológico em saúde bucal: Brasil, zona urbana, 1986. Brasília: Centro de Documentação do Ministério da Saúde, 1988.
  3. Rosa AGF, Castellanos RA, Pinto VG. Saúde bucal na terceira idade. Rev Gaúcha Odontol 1993; 41:97-102.
  4. Pereira, AC, Castellanos RA, Silva SRC, Watanabe MGC, Queluz DP, Meneghim MC. Oral health and periodontal status in Brazilian elderly. Braz. Dent. J. 1996; 7: 97-102.
  5. Pinto VG. Epidemiologia das doenças bucais no Brasil. In: Kriger L, coordenador. ABOPREV: promoção de saúde bucal. São Paulo: Artes Médicas; 1997; p.27-42.
  6. Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE. Informações estatísticas e geocientíficas.. Disponível em http:/www.seade.gov.br [acessado em 01.fev.2002]
  7. Silva SRC, Valsecki Júnior A. Avaliação das condições de saúde bucal dos idosos em um município brasileiro. Rev. Panam. Salud Publica 2000; 8:268-71
  8. Braga, SRS. Tipos de alimentos ingeridos por idosos usuários de próteses totais.[Dissertação de Mestrado]. Araraquara: Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista; 2001.
  9. Silva, SRC, Fernandes RAC. Autopercepção das condições de saúde bucal por idosos. Rev. Saúde Pública 2001; 35: 349-55.
  10. Atchison KA et al. Comparison of oral health ratings by dentist and dentate elders. J Public Health Dent 1993; 53(4): 223-30.
  11. Mathias RE et al. Factors affecting self-ratings of oral health. J Public Health Dent 1995; 55(4): 197-204
  12. Kiyak HÁ. Age and culture: influences on oral health behavior. Int Dent J 1993; 43(1): 9-16
  13. Lester V, Ashley FP, Gibbons DE. The relationship between socio-dental indices of handicap, felt need for dental treatment and dental state in a group of frail and functionally dependent older adults. Community Dent Oral Epidemiol 1998; 26: 155-9
  14. Vasconcellos MCC, Amaral JS. A sociedade brasileira e a prevenção em saúde bucal. Rev. Odontol Univ. São Paulo 1992; 6:133-9.

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