CIRCULAÇÃO DO VÍRUS DA <I>(DEL VIRUS DE LA)</I> ENCEFALITE DE SAINT LOUIS DURANTE EPIDEMIA DE DENGUE EM MATO GROSSO, BRASIL - Red Científica Iberoamericana (RedCIbe)

Red Científica Iberoamericana

CIRCULAÇÃO DO VÍRUS DA (DEL VIRUS DE LA) ENCEFALITE DE SAINT LOUIS DURANTE EPIDEMIA DE DENGUE EM MATO GROSSO, BRASIL

Renata Dezengrini Slhessarenko
Profesora adjunta, Profesora Adjunta, Departamento de Ciências Básicas em Saúde, Faculdade de Medicina, Universidade Federal De Mato Grosso, Cuiabá, Brasil

Cuiabá, Brasil (SIIC)

O vírus da (El virus de la) encefalite de Saint Louis genótipo V-A foi identificado em três pacientes co-infectados com o vírus da (con el virus del) dengue 4, um deles também com o (uno de ellos con el) vírus da dengue 1, e em uma fêmea (y en una hembra) de Culex quinquefasciatus na cidade (en la ciudad) de Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, Centro-Oeste do Brasil.

O vírus da (El virus del) dengue (DENV) é o flavivirus mais (es el flavivirus más) frequente mundialmente, representando um importante problema de saúde pública. Durante epidemias no Brasil, o diagnóstico laboratorial de doença (el diagnóstico de laboratorio de la enfermedad) febril aguda inespecífica é direcionado ao DENV e ao vírus da febre amarela (se orienta al DENV y al virus de la fiebre amarilla), responsável por surtos (brotes) silvestres esporádicos, dificultando a detecção de outros arbovírus possivelmente circulantes, incluindo o vírus da (incluyendo el virus de la) encefalite de Saint Louis (SLEV).*
O SLEV é um flavivirus mantido em (que se mantiene en) ciclos zoonóticos envolvendo espécies de Culex (Cx.) spp. e outros mosquitos como vetores, pássaros (y otros mosquitos comovectores, pájaros) como amplificadores e humanos e outros animais como hospedeiros (y los humanos y otros animales como huéspedes) acidentais finais.1 A maioria das infecções humanas são (La mayoría de las infecciones humanas son) subclínicas ou acompanhadas de sinais inespecíficos de doença (o están acompañadas de signos inespecíficos de la enfermedad) febril aguda, raramente acompanhada de meningoencefalite, apresentando gravidade e fatalidade maior em idosos (y presenta mayor gravedad y letalidad entre los ancianos).2
No Brasil (En Brasil), o SLEV foi identificado em 1960 em um pool de Sabethes belisarioi no Estado do Pará,2,3 onde também ocorreu o primeiro (donde también tuvo lugar el primer) relato de infecção humana em 1970.3 Na década de 1990, soroconversão foi descrita em residentes do Vale do Ribeira, SP.4 Posteriormente, casos humanos foram relatados durante epidemia de dengue em São José do Rio Preto, SP,5-7 e em um (y en un) paciente de Ribeirão Preto, SP.8 A infecção com o SLEV provavelmente não é rara (no es rara) em humanos, sendo confundida clinicamente com a dengue e pouco diagnosticada no Brasil. Apesar destas dificuldades, técnicas moleculares se constituem em ferramentas importantes para o monitoramento de flavivirus na população (constituyen herramientas importantes para el control del flavivirus en la población).5
Usualmente, espécies de mosquito vetores do SLEV variam entre regiões (varían entre las regiones) geográficas. O SLEV é frequentemente identificado em mosquitos na Amazônia brasileira;9 já foi relatado em (ya fue informado en) Anopheles triannulatus e espécies de Culex no nordeste de SP.4 Contudo, Cx. pipiens, Cx. quinquefasciatus e Cx. negripalpus são os vetores mais (son los vectores más) frequentes do SLEV nas Américas.10
Neste estudo, objetivou-se (En este estudio el objetivo fue) investigar molecularmente a presença de 11 flavivírus no soro (la presencia de 11 flavivirus en el suero) de 604 pacientes durante uma epidemia de dengue no estado de Mato Grosso, centro-oeste do Brasil, entre 2011-2012. Concomitantemente, 3433 fêmeas de Culex spp. capturadas em 2013 com aspirador de Nasci na capital do Estado, Cuiabá, identificadas com chave dicotômica (con la clave dicotômica) específica11,12 e nested-PCR13 e alocadas em 409 pools (y asignadas en 409 pools) (403 pools de Culex quinquefasciatus, cinco de Culex bidens ou interfor e um de Culex spinosus) foram testadas para os mesmos flavivírus (fueron probadas para los mismos flavivirus). Para isso, o RNA viral (QIAamp Viral RNA Mini Kit, Qiagen) extraído do soro dos pacientes e o RNA total (Trizol, Invitrogen) obtido dos (obtenido de los) pools de mosquitos foi submetido (se sometió) a multiplex semi-nested RT-PCR espécie-específica para 11 flavivirus, conforme descrito previamente.14 Posteriormente, uma região do gene de envelope do SLEV (477 bp) foi amplificada em amostras (una región del gen de la envoltura del SLEV (477 bp) se amplificó en muestras) positivas via semi-nested RT-PCR15 e submetida a sequenciamento e análise (y se sometió a secuenciamiento y análisis) filogenética e de variações aminoacídicas.10
O SLEV foi detectado em três pacientes co-infectados com o DENV-4 na região metropolitana de Cuiabá, Mato Grosso. Um dos pacientes apresentava uma tripla (Uno de los pacientes presentaba una triple) coinfecção com DENV-1. Os pacientes apresentavam sintomas de doença febril aguda, eram residentes de área urbana e nenhum referiu histórico recente de viagem ou acesso a áreas rurais/silvestres (y ninguno informó historial reciente de viaje o acceso a las zonas rurales). A maioria dos demais pacientes incluídos no estudo foram (La mayoría de los otros pacientes en el estudio eran) positivos para sorotipos do DENV (331/604; 54.8%), pois foram amostrados durante uma epidemia que coincidiu com a introdução do (coincidió con la introducción del) DENV-4 no Mato Grosso. Um pool contendo uma fêmea de Culex quinquefasciatus foi positivo para o SLEV em Cuiabá, apresentando taxa de infecção (presentando una tasa de infección) mínima (MIR) de 0.4 por 1000 mosquitos Culex spp.
O SLEV é classificado em oito linhagens (se clasifica en ocho linajes), 15 subtipos, correlacionadas à distribuição geográfica do vírus. No Brasil, os genótipos II, III, V e VIII (subtipos A e B) já foram descritos; sendo o (ya han sido descritos; y el) V e o VIII os mais prevalentes na (son los más prevalentes en la) região Amazônica.9 Na análise filogenética, as amostras humanas e de mosquito do SLEV identificadas no Mato Grosso apresentaram 99% de homologia entre sí, indicando que o mesmo vírus circula entre humanos e vetores, e formam um cluster com isolados do (y forman un cluster con aislamientos del) genótipo V-A, obtidos de pássaros e animais na (obtenidos de los pájaros y animales en la) região amazônica do estado do Pará. Ainda, as amostras identificadas neste estudo possuem um ancestral em comum com (Asimismo, las muestras identificadas en este estudio tienen un ancestro común con) sequências do SLEV genótipo V isolados no Pará e em Culex spp. na Argentina.
Variações nas sequências aminoacídicas da região do envelope específicas das linhagens (en la región de la envoltura específicas de los linajes) II, V e VIII não foram encontradas nas sequências do SLEV obtidas neste estudo.10 A amostra humana (obtenidas en este estudio. La muestra humana) SLEV_BR/Mato Grosso-CbaH364/2012 apresentou um resíduo de leucina na posição 96, enquanto todas as outras (presentó um residuo de leucina en la posición 96, mientras que todas las otras) sequências do SLEV incluídas no estudo apresentam uma prolina na mesma posição. Essa substituição também foi descrita no isolado obtido de (presentan una prolina en la misma posición. Esta sustitución también se obtuvo del aislamiento obtenido en) humanos em São José do Rio Preto, SP.7 A amostra SLEV_BR/Mato Grosso-CbaAr499/2013 obtida de Culex quinquefasciatus apresentou uma substituição de lisina por aspargina na posição 45.
Este estudo foi o primeiro relato de identificação molecular do SLEV no Mato Grosso. Também, constitui-se no primeiro relato de coinfecções pelo (constituye el primer informe de coinfecciones por) SLEV e DENV-4 em pacientes brasileiros, incluindo uma tripla coinfecção pelo DENV-1, DENV-4 e SLEV. Esses dados indicam que durante surtos de (Estos datos indican que durante los brotes de) dengue no Brasil, outros arbovírus podem circular silenciosamente. A ausência de diagnóstico diferencial provavelmente contribui para a subnotificação (posiblemente contribuye para la subnotificación) de casos de infecção pelo SLEV, indicando a necessidade de monitoramento constante da circulação (monitoreo constante de la circulación) de arbovírus no Brasil.

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